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25/10/2021 as 07:00:51 | por CPB |

Os estrangeiros no meio de vocês

“Portanto, amem os estrangeiros, porque vocês foram estrangeiros na terra do Egito”

Fotografo: CPB
...
Os estrangeiros no meio de vocês
Lição 5
23 a 29 de outubro
 
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Lc 9-11
 
VERSO PARA MEMORIZAR: “Portanto, amem os estrangeiros, porque vocês foram estrangeiros na terra do Egito” (Dt 10:19).
 
LEITURAS DA SEMANA: Mc 12:29-31; Dt 10:1-19; 27:19; Sl 146:5-10; Mt 7:12; Tg 1:27–2:11
Como vimos na semana passada, ao ser questionado por um escriba sobre “o principal de todos os mandamentos” (Mc 12:28), Jesus respondeu com a afirmação de que Deus é Um, e disse: “Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e com toda a sua força” (Mc 12:30).
 
Em seguida falou também sobre o segundo principal mandamento (Mc 12:31), algo que o escriba não havia perguntado. No entanto, sabendo como isso era importante, Jesus disse: “O segundo é: Ame o seu próximo como você ama a si mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” (Mc 12:31). Jesus vinculou os mandamentos do amor a Deus e do amor ao próximo como sendo o maior de todos os mandamentos.
 
Ele não inventou algo novo, que os judeus não tivessem ouvido antes. O chamado para amá-Lo de forma suprema, a ideia de amar o próximo e de amar outras pessoas como uma forma de expressar nosso amor a Deus, foi tirado do livro de Deuteronômio.

Domingo, 24 de outubro
Ano Bíblico: Lc 12-14
Circuncidem seu coração
 
Deuteronômio 10, que é a continuação do capítulo 9, traz basicamente a reafirmação da aliança que Deus fez com Israel. Grande parte desse livro é uma espécie de renovação da aliança que havia sido quebrada no terrível pecado em Horebe, logo depois que Moisés se ausentou, quando o povo caiu na idolatria. Mesmo depois disso, o Senhor não o rejeitou.
 
1. Leia Deuteronômio 10:1-11. Quais fatos nos mostram que Deus perdoou os pecados de Seu povo e reafirmou a promessa da aliança feita a ele e a seus pais?
 
Moisés quebrou as tábuas dos Dez Mandamentos (Dt 9:17) – um sinal da quebra da aliança (Dt 32:19). “Para mostrar aversão pelo crime do povo, atirou ao chão as tábuas de pedra, que se quebraram à vista de todos, dando a entender que, assim como haviam quebrado seu concerto com Deus, da mesma forma Deus estava rompendo Seu concerto com eles” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 320).
 
Assim, o fato de Deus ter dito a Moisés que cortasse novas tábuas “como as primeiras” para que o Senhor escrevesse nelas as palavras que antes estavam ali mostrou que o Criador perdoou o povo e não o rejeitou. 
 
2. Leia Deuteronômio 10:14-16. O que Deus disse ao povo? Qual é o significado das imagens que o Senhor usou nesses versos?
 
A circuncisão era um sinal da aliança, mas era apenas um sinal externo. Deus queria o coração de seu povo, isto é, mente, afeições, amor. A obstinação indicava que eles eram muito teimosos e relutantes em obedecer ao Senhor. Basicamente, nessa passagem e em outras mais, Deus lhes disse que parassem com a lealdade dividida e que O servissem de todo coração e toda alma.
 
Pense nas muitas vezes em que o Senhor perdoou seus pecados. O que isso lhe diz sobre a graça divina?

 

Segunda-feira, 25 de outubro
Ano Bíblico: Lc 15-17
Amem o estrangeiro
 
Em meio às admoestações, Moisés declarou: “Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor, o Deus de vocês; a Ele pertencem a Terra e tudo o que nela há” (Dt 10:14). Que expressão poderosa da soberania divina, ideia encontrada em outros lugares da Bíblia: “Ao Senhor pertence a Terra e a sua plenitude, o mundo e os que nele habitam” (Sl 24:1).
 
3. Leia Deuteronômio 10:17-19. Que outra declaração Moisés fez sobre o Senhor? O que Deus ordena ao Seu povo como resultado dessa declaração?
 
Yahweh não é apenas o soberano do céu e da Terra, Ele também é o “Deus dos deuses e o Senhor dos senhores” (Dt 10:17). Isso não significa que existam outros deuses menores, como os supostos deuses que os pagãos adoravam. Em vez disso, mais do que apenas ser o único Deus (“Vejam, agora, que Eu, sim, Eu sou Ele, e que não há nenhum deus além de Mim” [Dt 32:39]), o Senhor afirma Sua supremacia sobre todos os outros poderes, reais ou imaginários, no céu e na Terra. 
 
O texto diz também que Ele é “o Deus grande, poderoso e temível, que não trata as pessoas com parcialidade nem aceita suborno”. Tudo isso faz parte da mensagem maior: Yahweh é o seu Deus, e você, o Seu povo, Lhe deve obediência.
 
Que contraste poderoso! Sim, Yahweh é o Deus dos deuses e Senhor dos senhores, o Governante soberano e Sustentador da criação (Cl 1:16, 17), mas também Se preocupa com os órfãos, com a viúva e o estrangeiro e mostra Seu cuidado ministrando às suas necessidades físicas imediatas. O Deus que observa um pardal que cai ao chão (Mt 10:29) conhece a situação daqueles que estão à margem da sociedade. Em outras palavras, o Senhor está dizendo ao povo: “Vocês são especiais, e Eu os amo, mas amo a outros também, incluindo os necessitados e desamparados entre vocês. E, assim como Eu os amo, vocês devem amá-los. Essa é uma das obrigações da aliança”.
 
Leia Salmo 146:5-10. Que mensagem do Salmo reflete o que Deus diz acima, e o que isso deve significar para nós no presente, como cristãos?

Terça-feira, 26 de outubro
Ano Bíblico: Lc 18-20
Vocês foram estrangeiros no Egito
 
4. “Portanto, amem os estrangeiros, porque vocês foram estrangeiros na terra do Egito” (Dt 10:19). Nesse verso, qual é a mensagem para o antigo Israel? Qual é a mensagem para nós?
 
Séculos antes, o Senhor havia dito a Abrão: “Fique sabendo, com certeza, que a sua posteridade será peregrina em terra alheia, será reduzida à escravidão e será afligida durante quatrocentos anos” (Gn 15:13; 17:8; At 13:17). Naturalmente, foi isso o que aconteceu. Nos primeiros capítulos de Êxodo, a dramática história de sua redenção (Êx 15:13) e salvação (Êx 14:13) do Egito foi registrada para a posteridade como símbolo e tipo da redenção e salvação que nos foram dadas em Cristo Jesus. O Senhor desejava que se lembrassem de onde estiveram e o que foram, ou seja, estrangeiros.
 
Eles deviam se lembrar de quando eram marginalizados, até mesmo escravos e, portanto, à mercê daqueles que eram mais fortes e que podiam cometer abusos contra eles, o que, de fato, com frequência fizeram. Embora Israel fosse uma nação escolhida, chamada por Deus, um “reino de sacerdotes” (Êx 19:6), e houvesse diferenças entre eles e os estrangeiros no meio deles – especialmente no que diz respeito aos serviços religiosos –, quando o assunto eram os “direitos humanos”, o estrangeiro, a viúva e o órfão deveriam ser tratados com a mesma imparcialidade e justiça com que os israelitas eram tratados.
 
5. Leia Mateus 7:12. Como essa passagem resume o que o Senhor disse ao antigo Israel sobre como deveria tratar os oprimidos?
 
Essa advertência a Israel de como deveriam tratar os marginalizados não era a norma no mundo antigo, em que muitos eram tratados em alguns casos de maneira terrível.
 
Israel deveria ser luz para as nações. Essa diferença estava no Deus a quem adoravam, na maneira de adorá-Lo e no sistema religioso da verdade que o Senhor lhes deu. A bondade para com os marginalizados teria sido um poderoso testemunho para o mundo quanto à superioridade de seu Deus e de sua fé, que em certo sentido era o ponto principal de sua existência.

Quarta-feira, 27 de outubro
Ano Bíblico: Lc 21, 22
Julgue com justiça
 
Como crentes, fomos chamados a refletir o caráter de Deus. Paulo escreveu: “Meus filhos, por quem, de novo, estou sofrendo as dores de parto, até que Cristo seja formado em vocês” (Gl 4:19). Fomos feitos “à imagem de Deus” (Gn 1:27), a qual foi desfigurada pelo pecado. Quando Moisés falou sobre o poder e a majestade divinos, disse que Deus não aceitava suborno e que Se importava com os fracos e marginalizados; portanto, devemos fazer o mesmo.
 
6. Leia os seguintes textos. Qual é o tema comum entre eles?
 
Dt 1:16
 
Dt 16:19
 
Dt 24:17
 
Dt 27:19
 
É notório que, na maioria dos tribunais humanos, os fracos, pobres e rejeitados não têm a mesma “justiça” que aqueles com dinheiro, poder e conexões. Não importa o país, a época, a cultura, nem quão elevados sejam os princípios de justiça e equidade consagrados nas constituições, leis ou o que quer que seja; a realidade permanece: pobres, fracos e rejeitados quase nunca obtêm a justiça a que outros têm acesso.
 
Essa injustiça não devia ser cometida em Israel, entre o povo de Deus, que devia representá-Lo perante o mundo. O Senhor queria que no antigo Israel houvesse justiça igualmente para todos perante a lei.
 
Mas isso vai além da mera jurisprudência. “Sejam santos, porque Eu, o Senhor, o Deus de vocês, Sou santo” (Lv 19:2). Sim, eles sabiam quem era o verdadeiro Deus, tinham as formas  corretas de adoração e traziam as ofertas devidas. Tudo bem. Porém, de que adiantava tudo isso se eles maltratavam os fracos e pobres? Observamos nos escritos dos profetas que o Senhor repetidamente luta contra os opressores dos pobres e necessitados em Israel. Como pode alguém ser “santo” e maltratar os outros ao mesmo tempo? Isso não é possível, ainda que a pessoa cumpra de forma estrita os rituais religiosos devidos.
 
Leia Amós 2:6; 4:1; 5:11; Is 3:14, 15; 10:1, 2 e Jr 2:34. De que o Senhor advertiu o antigo Israel? O que essas palavras significam para nós?

 

Quinta-feira, 28 de outubro
Ano Bíblico: Lc 23, 24
Religião pura diante de Deus
 
7. Leia Deuteronômio 24:10-15. Que princípios importantes são expressos sobre como devemos tratar os que estão sob nosso domínio?
 
Novamente, vemos a preocupação do Senhor com a dignidade humana. Se alguém lhe deve algo, e é hora de cobrar, trate a pessoa com respeito e dignidade, certo? Não vá invadir sua casa e fazer exigências. Espere-a do lado de fora e deixe-a vir e entregar a você o que lhe deve. Deuteronômio 24:12, 13 parece dizer que, se alguma pobre alma lhe deu sua vestimenta como “garantia”, você precisa pelo menos deixá-la dormir com ela durante a noite. Os outros versos falam de como as pessoas deviam tratar os pobres que trabalham para elas. Não os oprimam, pois aos olhos de Deus isso é um pecado, e certamente um pecado grave. Se Israel devia ser uma testemunha, um povo santo que andava na verdade em meio a um mundo mergulhado no erro, na idolatria, maldade e no pecado, certamente deviam ser gentis com os mais fracos e marginalizados entre eles. Caso contrário, seu testemunho não teria valor.
 
8. Leia Tiago 1:27–2:11. O que Tiago disse que reflete o que o Senhor declarou a Seu povo em Deuteronômio? O que Tiago quis dizer ao relacionar os maus tratos aos pobres com os Dez Mandamentos?
 
Embora nada nos Dez Mandamentos em si esteja diretamente relacionado a mostrar parcialidade para com os ricos em relação aos pobres, aderir estritamente à letra da lei e, ao mesmo tempo, maltratar os pobres ou necessitados é zombar da profissão de fé e de qualquer pretensão de observar os mandamentos. Amar o próximo como a si mesmo é a expressão mais elevada da lei divina – e essa é a verdade presente agora tanto quanto na época de Tiago e quando Moisés falou a Israel nas fronteiras da terra santa.
 
Como adventistas do sétimo dia, que levam a sério a obediência à lei, por que devemos levar a sério as palavras de Tiago e Deuteronômio? Considerando o que lemos em Tiago, por que nossa crença na observância da lei apenas fortalece a decisão de ajudar os pobres e necessitados entre nós?

Sexta-feira, 29 de outubro
Ano Bíblico: Jo 1-3
Estudo adicional
 
É difícil imaginar como, mesmo em seus tempos áureos, sob o reinado de Davi e Salomão, a nação de Israel tenha sido tão abençoada por Deus e ainda assim tenha oprimido os pobres, desamparados e fracos entre eles.
 
“Portanto, visto que pisam os pobres e deles exigem tributo de trigo, vocês não habitarão nas casas de pedras lavradas que construíram, nem beberão o vinho das belas videiras que plantaram. Porque sei que são muitas as suas transgressões e que são graves os pecados que vocês cometem. Vocês afligem os justos, aceitam suborno e rejeitam as causas dos necessitados no tribunal” (Am 5:11, 12).
 
“O Senhor entra em juízo contra os anciãos do seu povo e contra os seus líderes. Ele diz: ‘Foram vocês que arruinaram esta vinha. O que roubaram dos pobres está na casa de vocês’” (Is 3:14).
 
Perguntas para consideração
 
1. Os israelitas precisavam se lembrar de que haviam sido “estrangeiros” no Egito. Por isso, deveriam tratar os estrangeiros e marginalizados como desejariam ter sido tratados quando estiveram na mesma situação. Essa verdade se relaciona com o evangelho, que liberta do pecado pelo sangue de Jesus? De modo paralelo, o que Jesus fez por nós deve impactar nossa maneira de tratar os outros, em especial os desamparados?
 
2. Podemos observar o sábado, entender a verdade sobre a morte, o inferno, a marca da besta e assim por diante. Isso é bom. Mas de que serve tudo isso se tratarmos os outros de maneira desagradável, oprimirmos os fracos e não fizermos justiça quando julgarmos uma situação? Por que devemos ser cuidadosos para não pensar que apenas saber a verdade é tudo o que Deus exige de nós? Isso é uma armadilha?
 
3. Que papel a fé deve ter em nos ajudar a entender os chamados “direitos humanos”?
 
Respostas e atividades da semana: 1. Fez outras tábuas dos Dez Mandamentos. 2. Que eles deveriam circuncidar o coração de pedra e deixar a desobediência. 3. Que Deus é soberano e Se compadece dos mais necessitados. Devemos seguir Seu exemplo. 4. Eles precisavam tratar os estrangeiros como gostariam de ser tratados. Isso se aplica a nós hoje. 5. Devemos fazer aos outros o que desejamos que os outros nos façam. 6. Fazer justiça a todos. 7. Tratar todos com dignidade e respeito. 8. Não podemos fazer acepção de pessoas, mas precisamos tratar todos com justiça. Atender aos necessitados. Se fizermos acepção de pessoas, somos transgressores da lei. 
 
Resumo da Lição 5
Os estrangeiros no meio de vocês
TEXTO-CHAVE: Dt 10:1
 
FOCO DO ESTUDO: Dt 10:1-19; Sl 146:5-10; Mt 7:12; Tg 1:27–2:11
 
ESBOÇO
 
A história de Deus escrevendo novas tábuas de Sua lei é uma história da graça divina e do amor paciente por Israel. Antigamente, quando uma aliança era quebrada, sua renovação envolvia o preparo de novos documentos. No contexto do evento vergonhoso de Horebe, Moisés exortou Israel a renovar sua aliança e preparar um novo juramento de fidelidade em que o requisito de Deus para Seu povo foi especificado. Esses versos reúnem vários temas em torno do princípio do amor, a saber, amor ao Senhor (o primeiro mandamento), amor como resposta ao amor e perdão divinos, amor ao próximo e, mais especificamente, amor ao estrangeiro (o segundo mandamento), porque Deus o amou.
 
Temas da lição
 
• A nova aliança. Embora a aliança seja eterna, sempre há a necessidade de renová-la (circuncidar o coração).
 
• A circuncisão do coração. Os símbolos, uma espécie de mistura de metáforas, revelam uma verdade teológica crucial.
 
• Amar o estrangeiro: tudo bem amar o próximo, mas o estrangeiro também?
 
COMENTÁRIO
 
A nova aliança
 
Existe um paradoxo na renovação de uma aliança que é eterna. Pela lógica, uma aliança eterna não precisa ser renovada. A lição que se aprende disso tem a ver com a fidelidade de Deus versus a infidelidade de Seu povo. Observe que a “nova aliança” não implica uma nova lei. É a mesma lei que é reescrita nas novas tábuas. O que Deus estava pedindo era simplesmente uma internalização da lei.
 
A lei escrita nas tábuas de pedra devia ser escrita no coração do povo. A renovação da aliança é a renovação do coração. O mecanismo desse processo é o amor. Jeremias, que pela primeira vez usa a expressão “nova aliança”, define-a nos seguintes termos: “Não segundo a aliança que fiz com os seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; pois eles quebraram a Minha aliança, apesar de Eu ter sido seu esposo, diz o Senhor. Porque esta é a aliança que farei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente lhes imprimirei as Minhas leis, também no seu coração as inscreverei; Eu serei o Deus deles, e eles serão o Meu povo” (Jr 31:32, 33).
 
Curiosamente, a mesma situação de uma aliança quebrada é registrada em Jeremias. O profeta, como Moisés, também teve que reescrever seu livro (Jr 36:27, 28). Da mesma forma, quando o apóstolo Paulo se refere à “nova aliança” (2Co 3:6), ele a entende como uma aliança espiritual que está escrita “não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações” (2Co 3:3).
 
Perguntas para discussão e reflexão: Como a noção bíblica de “nova aliança” no livro de Deuteronômio se aplica ao nosso entendimento da relação entre o AT e o NT? Por que a “nova aliança” implica a mesma lei? Por que Deus escreveu a lei em pedras em vez de escrevê-la no coração do povo?
 
A circuncisão do coração
 
Deus pediu que Israel circuncidasse o coração. Evidentemente isso não deve ser interpretado de forma literal. Moisés se referiu à incircuncisão dos lábios (Êx 6:12, 30) para sugerir que não falava bem. Jeremias lamentou por Israel ter ouvidos incircuncisos, o que significa que eles não ouviam a palavra do Senhor (Jr 6:10). Visto que a circuncisão é o sinal da aliança (Gn 17:10-13), a circuncisão do coração é um simbolismo que retrata a circuncisão interior que Paulo descreveu mais tarde como a conversão do cristão (Rm 2:28, 29). Esse é um procedimento que só Deus pode realizar (Dt 30:6).
 
Moisés não sugere que a circuncisão da carne foi um erro. Antes de entrar em Canaã, os homens de Israel deveriam ser circuncidados como sinal da aliança (Js 5:2). A circuncisão do coração diz respeito àqueles que já são circuncidados na carne, aqueles que estão sob a aliança. Após a circuncisão da carne, a renovação da aliança não é uma nova circuncisão que anularia a anterior, mas um aprofundamento da mesma aliança e de suas leis. Depois de terem recebido a letra da lei, eles foram chamados a enraizar seu compromisso no coração. Isso envolve não apenas abster-se de fazer o que é errado; porém, mais importante, não desejar fazer o que é errado. Não apenas deixar de praticar o mal, mas dedicar-se a fazer o bem por toda a vida. Só o amor torna possível esse compromisso. É por isso que a exigência de Deus nessa fase é uma aliança com base no amor e é, portanto, mais rigorosa e mais completa.
 
Perguntas para discussão e reflexão: O que torna uma aliança fundamentada no amor mais exigente do que uma aliança que tem por base a lei? Ao mesmo tempo, quais são os riscos da ênfase no amor em detrimento do rigor da justiça? Como o simbolismo da circuncisão do coração se relaciona com a metáfora de uma dura cerviz?
 
Amar o estrangeiro
 
O curioso é que a primeira aplicação do mandamento de amar ao Senhor é amar o estrangeiro. Por que Deus exigiu que Israel amasse o estrangeiro? Dois grupos de razões podem ser listados aqui. Discuta e reflita sobre eles em classe: (1) razões para justificar esse requisito e (2) razões para prepará-los para a santidade.
 
Por que amar o estrangeiro?
 
• Porque Deus ama o estrangeiro (Dt 10:18). Essa razão está enraizada na fé no Criador, que possui os céus e a Terra (Dt 10:14). Dois princípios estão implícitos nessa razão. Primeiro, existe o princípio de que Deus criou o estrangeiro à Sua imagem (imago Dei). O segundo princípio deriva do primeiro: é o princípio da imitação de Deus (imitatio Dei) por Seus servos.
 
• Porque Israel foi estrangeiro (Dt 10:19). Essa razão se baseia no princípio de Levítico 19:18: “Ame o seu próximo como você ama a si mesmo.”
 
• Porque assim seriam preparados para o encontro com Deus, que pertence a outra ordem (Dt 10:17). Ele é o Santo, essencialmente diferente de nós, humanos. A melhor forma de aprender a amar a Deus poderia ser aprender a amar o diferente, o estrangeiro.
 
• Porque assim seriam preparados para o encontro com outras pessoas. Como ex-escravos, os israelitas tiveram que aprender a ver os outros, não apenas como senhores cruéis a quem odiavam, mas como “próximos” com quem deviam comungar e compartilhar as bênçãos e a quem deviam amar, pois a experiência do amor fica mais rica e forte quando é vivida entre pessoas diferentes.
 
• Porque assim seriam preparados para moldar e cumprir seu próprio destino como estrangeiros. Como ex-nômades no deserto, Israel teve que aprender o caminho da santidade e o valor de viver com pessoas diferentes sem comprometer sua própria identidade sagrada. Da mesma forma, Abraão, José e Daniel tiveram que aprender a conviver com a “tensão” entre conciliar o dever da santidade com o dever do amor.
 
Perguntas para reflexão e discussão: Como e por que o princípio do imago Dei nos ajuda a compreender a importância de amar o estrangeiro? Por que a experiência de amar um estrangeiro fortalece e enriquece a qualidade do amor? Por que a comunhão e a convivência com pessoas de outras religiões fortalecem a fé?
 
Amar o órfão e a viúva
 
O tratado de aliança de Deuteronômio não define “amor”, mas deixa claro que o amor é uma característica divina. É somente por meio de Deus que Israel pode compreender e cumprir o mandamento do amor. Por outro lado, de modo significativo, a única vez em que se descreve o amor é apresentada uma atitude de Deus em favor dos órfãos e da viúva (Dt 10:18; compare com Dt 24:17-22).
 
Perguntas para reflexão e discussão: Por que o requisito de amar o órfão e a viúva está associado ao requisito de amar o estrangeiro? O que o estrangeiro, a viúva e o órfão têm em comum?
 
APLICAÇÃO PARA A VIDA
 
Em Os Miseráveis, de Victor Hugo, o ladrão Jean Valjean finalmente entende o valor do perdão e da misericórdia quando seu anfitrião lhe dá a prata que ele roubou; caso contrário, ele teria sido jogado na prisão. Considere e discuta os seguintes casos:
 
• Você é o ancião ou pastor de uma igreja. Uma jovem de sua igreja teve um filho após um caso extraconjugal. Vários anos depois, o casal vem até você e pede que você realize sua cerimônia de casamento (ambos são adventistas). Como você lidaria com esse caso?
 
• Quais são as motivações que orientam suas escolhas políticas? Você escolhe seu partido político com base em uma agenda nacionalista, interesses egoístas ou tendo em vista a justiça social e o cuidado para com os pobres, as viúvas e os órfãos? Você leva em conta a defesa de ideologias culturais da sociedade em geral ou os princípios bíblicos?
 
• Um mendigo bêbado pede-lhe algum dinheiro porque diz que está com fome e não come há muitos dias. Como você reagiria, mesmo sem ter garantia de que ele não usará o dinheiro para comprar bebida? Não seria melhor você separar um tempo de qualidade para alimentar o necessitado e ajudá-lo a encontrar uma solução duradoura?
 
• O que você diria a alguém de sua comunidade de fé que lhe diz que não gosta de você, mas, por causa de Deus, se obriga a amá-lo(a)? Como você reagiria?

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