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05/03/2022 as 22:08:15 | por CPB |

Jesus, Autor e Consumador da fé

Hebreus 11 explica que fé é confiança nas promessas divinas, mesmo que ainda não possamos vê-las

Fotografo: CPB
...
Jesus, Autor e Consumador da fé
Lição 11
05 a 11 de março
 
 
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Dt 26-28
 
VERSO PARA MEMORIZAR: “Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que Lhe estava proposta, suportou a cruz, sem Se importar com a vergonha, e agora está sentado à direita do trono de Deus” (Hb 12:2).
LEITURAS DA SEMANA: Hb 10:35-39; Rm 1:17; Hb 11; Js 2:9-11; Hb 12:1-3
Os capítulos 11 e 12 de Hebreus provavelmente sejam os capítulos mais amados dessa carta de Paulo. Eles descrevem a vida cristã como uma corrida em que todos participamos e em que os que permanecerem fiéis receberão a recompensa. Também descrevem o drama da redenção como uma corrida em que as pessoas de fé do passado perseveraram, apesar dos sofrimentos, mas ainda não receberam a recompensa.
 
Por isso, a história termina com nossa participação, não apenas com a deles. Nós fazemos parte do ato final. Corremos a última parte da corrida, e Jesus está sentado na linha de chegada à direita de Deus. Ele é nossa inspiração e o melhor exemplo de como realizar a corrida. Ele é a Testemunha suprema de que a recompensa é verdadeira. Ele é o Precursor que nos abre o caminho (Hb 6:19, 20; 10:19-23).
 
Hebreus 11 explica que fé é confiança nas promessas divinas, mesmo que ainda não possamos vê-las. Esta lição explora o que é a fé e como esta pode ser obtida por meio de exemplos do passado, mas, de maneira especial e central, por meio do exemplo de Jesus, “o Autor e Consumador da fé” (Hb 12:2).
 

 

Domingo, 06 de março
Ano Bíblico: Dt 29-31
O justo viverá pela fé
 
1. Leia Hebreus 10:35-39. O que Deus nos diz nesses versos?
 
A perseverança é uma característica do povo de Deus no tempo do fim, sem a qual não serão capazes de receber as promessas (Ap 13:10; 14:12). Para perseverar, porém, os crentes precisam “conservar” a fé (Hb 10:23; 4:14). Paulo mostrou que a geração do deserto não recebeu a promessa porque lhes faltou fé (Hb 3:19). Hebreus retrata os crentes no limiar do cumprimento das promessas (Hb 9:28; 10:25, 36-38) e mostra que eles precisam exercer fé para recebê-las (Hb 10:39).
 
Paulo apresentou sua exposição sobre a fé citando Habacuque 2:2-4. Esse profeta perguntou a Deus por que Ele tolerava os perversos que oprimiam os justos (Hc 1:12-17). Habacuque e o povo estavam sofrendo e queriam que Deus agisse. Porém, o Senhor respondeu que havia um tempo determinado para o cumprimento de Sua promessa, e eles precisavam esperar (Hc 2:2-4). Habacuque e seu povo viveram, como nós, entre o tempo da promessa e o tempo de seu cumprimento. A mensagem divina continua em Hebreus: “Aquele que vem virá e não irá demorar” (Hb 10:37; ver também Hc 2:3). A mensagem se refere a Jesus. Ele é o Justo, a personificação da fé que agrada a Deus e vivifica (Hb 10:5-10).
 
Por que, então, Ele Se demoraria? Ele já veio para morrer por nós (Hb 9:15-26) e certamente virá outra vez no tempo determinado (Hb 9:27, 28; 10:25).
 
Deus disse: “O Meu justo viverá pela fé” (Hb 10:38). Essa mesma verdade é afirmada em Romanos 1:17 e Gálatas 3:11. Romanos 1:16, 17 esclarece que a justiça divina se revela “de fé em fé”. O que Paulo quis dizer é que a fidelidade de Deus às Suas promessas vem em primeiro lugar, e Sua fidelidade produz, como resultado, nossa fé e fidelidade. Visto que Deus é fiel às Suas promessas (2Tm 2:13), os justos, em resposta, permanecerão fiéis.

 
Segunda-feira, 07 de março
Ano Bíblico: Dt 32-34
Pela fé Abraão
 
Hebreus define fé como “a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se veem” Hb 11:1). Em seguida, lista algumas pessoas fiéis da história de Israel que exemplificam o que é a fé e mostra como a manifestaram por meio de seus atos.
 
2. Leia Hebreus 11:1-19. O que os “heróis” da fé fizeram que exemplifica sua fé? Suas ações se relacionam com a esperança de coisas não vistas?
 
Abraão provavelmente seja o personagem mais importante nesse capítulo. Seu último ato de fé é bastante instrutivo em relação à verdadeira natureza da fé.
 
Hebreus observa que a instrução divina a Abraão de que oferecesse seu filho como sacrifício parecia implicar uma contradição (Hb 11:17, 18). Isaque não era o único filho de Abraão; Ismael era seu primogênito, mas Deus disse ao patriarca que aceitasse o pedido de Sara e expulsasse Ismael e sua mãe, porque Ele cuidaria deles e porque a descendência de Abraão seria nomeada por meio de Isaque (Gn 21:12, 13). No capítulo seguinte, porém, o Senhor pediu a Abraão que oferecesse Isaque como holocausto. Essa instrução contida em Gênesis 22 parecia contradizer categoricamente as promessas divinas em Gênesis 12–21.
 
Hebreus afirma que Abraão surpreendentemente resolveu o enigma ao chegar à conclusão de que Deus ressuscitaria Isaque depois que ele o oferecesse. Isso é incrível porque ninguém ainda havia sido ressuscitado. No entanto, parece que a experiência anterior de Abraão com Deus o levou a essa conclusão. Hebreus 11:12 observa que Isaque foi concebido pelo poder divino por meio de alguém “praticamente morto”. Paulo também observou que, apesar de Abraão estar “praticamente morto” e Sara ser estéril, ele “creu, para vir a ser pai de muitas nações”, pois acreditava que Deus “vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem” (Rm 4: 17-20). Portanto, Abraão deve ter presumido que, se Deus, em certo sentido, já havia concedido vida a Isaque, Ele poderia fazê-lo novamente. Pelo modo como Deus tinha agido no passado, Abraão viu uma sugestão do que Ele poderia fazer no futuro.
 

 

Terça-feira, 08 de março
Ano Bíblico: Js 1-4
Moisés: crendo no invisível
 
3. Leia Hebreus 11:20-28. O que essas pessoas de fé fizeram? Como suas ações se relacionam com a convicção de fatos que não se veem?
 
Moisés é o segundo grande exemplo nesse capítulo sobre a fé. Seus pais o esconderam quando ele nasceu, porque “não temeram o decreto do rei” (Hb 11:23), e Moisés deixou o Egito, “não ficando amedrontado com a ira do rei” (Hb 11:27). A ação mais significativa de Moisés foi que ele “recusou ser chamado filho da filha de Faraó” (Hb 11:24). A referência à sua mãe adotiva como “filha de Faraó” sugere que ele seria o próximo governante. Moisés, no entanto, estava disposto a deixar para trás a perspectiva de se tornar o rei da nação mais poderosa da época e, em vez disso, se tornar líder de escravos recém-libertos.
 
4. Compare Hebreus 11:24-27 e 10:32-35. Que semelhanças há entre a situação dos destinatários originais de Hebreus e a experiência de Moisés?
 
A grandeza de Moisés é que ele foi capaz de ver além das promessas do faraó, para o invisível, a saber, as promessas divinas. Hebreus diz que a visão de Moisés estava fixada na “recompensa”, não nas riquezas do Egito. Essa recompensa é a mesma mencionada em Hebreus 10:35, a qual Deus prometeu a todos os que creem Nele.
 
As palavras de Paulo sobre a decisão de Moisés devem ter ecoado poderosamente no coração de seus primeiros leitores. Eles haviam suportado reprovações e insultos por causa de sua fé em Cristo, foram afligidos e perderam bens (Hb 10:32-34). Alguns estavam na prisão (Hb 13:3). Moisés escolheu ser maltratado com o povo de Deus e trocou a riqueza do Egito pelos insultos associados a Cristo, pois acreditava que a recompensa era maior do que qualquer coisa que o Egito pudesse oferecer.
 

 

Quarta-feira, 09 de março
Ano Bíblico: Js 5-8
Raabe e outros heróis da fé
 
5. Leia Hebreus 11:31 e Josué 2:9-11. Por que Raabe, uma prostituta pagã, foi incluída nessa lista de personagens bíblicos?
 
Raabe é provavelmente a personagem mais inesperada que encontramos em Hebreus 11. Ela é uma das duas mulheres mencionadas pelo nome e está na décima posição na lista, sendo que os primeiros eram antepassados e patriarcas de Israel, e cada um foi considerado justo. Ao lermos sobre ela, descobrimos que era uma prostituta gentia.
 
O mais surpreendente é que ela também é o centro temático e o clímax do capítulo. A lista é organizada de forma única. Cada introdução começa com a frase “pela fé”. O padrão básico é “pela fé, fulano...”. Essa repetição aumenta a expectativa do leitor de ouvir que “pela fé, Josué conduziu o povo à terra prometida”.
 
Mas não é isso que o texto diz. A prostituta toma o lugar de Josué. Após a menção de Raabe, o padrão repetitivo termina abruptamente com “E que mais direi?” (Hb 11:32). Em seguida, Paulo lista alguns nomes e eventos sem mencionar detalhes.
 
O ato de fé de Raabe foi que ela ouviu, creu e obedeceu, embora não tivesse visto. Ela não viu as pragas do Egito, nem a libertação no Mar Vermelho, nem a água fluindo da rocha, nem o pão descendo do céu; ainda assim, creu. Ela foi um bom exemplo para os leitores de Hebreus, que não ouviram Jesus pregar nem O viram fazer milagres, e também para nós, que não vimos nenhuma dessas coisas.
 
“Raabe era uma prostituta que morava numa casa sobre o muro de Jericó. Ela ocultou dois espias israelitas enviados para verificar as defesas daquela cidade. Por causa de sua bondade para com eles, e de sua declaração de crença em Deus, os espias prometeram que a vida de Raabe e de seus familiares seria poupada quando ocorresse o ataque a Jericó” (Ellen G. White, Filhas de Deus [MM 1956/2005], p. 23).
 
Paulo prosseguiu (Hb 11:35-38) com uma lista das dificuldades que muitos enfrentaram. A frase “não aceitando seu resgate” (Hb 11:35) indica que eles tiveram a possibilidade de escapar, mas escolheram não fazê-lo, pois sua visão estava na recompensa divina.
 

 

Quinta-feira, 10 de março
Ano Bíblico: Js 9-13
Jesus, Autor e Consumador da fé
 
6. Leia Hebreus 12:1-3. O que esses versos nos pedem?
 
O ponto alto da exposição sobre a fé está em Hebreus 12. Paulo começou a carta com Jesus, que é o “que vem” e que “não irá demorar” (Hb 10:37), e a concluiu com o “Autor e Consumador” da nossa fé (Hb 12:2). Isso significa que Cristo é Aquele que torna a fé possível e é o exemplo que personifica perfeitamente o que é uma vida de fé. Com Ele, a fé atingiu sua expressão perfeita.
 
Jesus é o “Autor” (ou “Precursor”) de nossa fé em pelo menos três sentidos. Primeiro, Ele é o único que terminou a corrida em seu sentido mais completo. Os outros mencionados no capítulo anterior não alcançaram seu objetivo (Hb 11:39, 40). Jesus, no entanto, entrou no descanso de Deus no Céu e está sentado à direita do Pai. Nós, juntamente com esses outros, reinaremos com Jesus no futuro (Ap 20:4).
 
Em segundo lugar, a vida perfeita de Jesus tornou possível a esses outros correrem a corrida (Hb 10:5-14). Se Jesus não tivesse vindo, a corrida de todos teria sido inútil.
 
Finalmente, Jesus é a razão pela qual temos fé. Sendo Um com Deus, Ele expressou a fidelidade divina para conosco. O Senhor nunca desistiu de Seus esforços para nos salvar, e é por isso que alcançaremos a recompensa no final, se não desistirmos. Jesus correu com paciência e permaneceu fiel, mesmo quando éramos infiéis (2Tm 2:13). Nossa fé é apenas uma resposta à Sua fidelidade.
 
Jesus é o “Consumador” da fé porque exemplifica perfeitamente como a corrida da fé deve ser executada. Como Ele a correu? Pôs de lado todo peso ao abrir mão de tudo por nós (Fp 2:5-8), nunca pecou, manteve firmemente Sua visão na recompensa, que era a alegria proposta a Ele de ver a humanidade redimida por Sua graça. Ele suportou oposição e abusos; não Se importou com a vergonha da cruz (Hb 12:2, 3).
 
Agora é a nossa vez de correr. Embora não possamos alcançar o que Jesus fez com nossas próprias forças, temos Seu exemplo perfeito diante de nós, e assim, pela fé Nele e mantendo nossos olhos Nele (como os outros fizeram antes de nós), seguimos em frente com fé, confiando em Suas promessas de uma grande recompensa.

 
Sexta-feira, 11 de março
Ano Bíblico: Js 14-17
Estudo adicional
 
“Pela fé, você passou a ser de Cristo, e pela fé, deve crescer Nele – dando e recebendo. Você tem de entregar-Lhe tudo – o coração, a vontade, a disposição de servir. Deve dar-se, enfim, a si mesmo para então obedecer a todos os Seus mandamentos. Você receberá tudo – Cristo, a plenitude de todas as bênçãos, para habitar em seu coração, ser sua força, justiça e esperança eterna – para que tenha o poder necessário para obedecer” (Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 70).
 
“Deus nunca pede que creiamos sem que nos dê suficientes provas sobre as quais possamos alicerçar nossa fé. Sua existência, Seu caráter e a veracidade de Sua Palavra se baseiam em testemunhos que falam à nossa razão; [...] Apesar disso, Deus nunca removeu a possibilidade de dúvida. Nossa fé deve se basear em evidências, não em demonstrações. Os que desejam duvidar terão a oportunidade de fazê-lo, enquanto os que realmente desejam conhecer a verdade poderão encontrar muitas provas em que apoiar sua fé.
 
“É impossível para mentes finitas entender de maneira plena o caráter das obras Daquele que é Infinito. Para o intelecto mais esclarecido e a mente mais educada, o santo Ser ainda será um mistério. [...]” (Caminho a Cristo, p. 105).
 
Perguntas para consideração
 
1. Anselmo de Cantuária escreveu em latim: Credo ut intelligam (“Eu creio para que possa entender”). Hebreus 11:3 diz: “Pela fé entendemos”. Qual é a relação entre fé e compreensão? Por que a fé, em geral, vem antes do entendimento? Por que devemos alcançar com fé o que, pelo menos no início, não entendemos?
 
2. A palavra grega pistis significa “fé” e “fidelidade”. Por que ambos os significados são importantes para entender o que é viver “pela fé”? Como os heróis da fé (Hb 11) mostraram, por sua fidelidade, a realidade de sua fé? Podemos fazer o mesmo?
 
3. A fé é dom de Deus (Rm 12:3). Qual é o nosso papel em recebê-lo e mantê- lo?
 
Respostas e atividades da semana: 1. Que devemos perseverar com fé para recebermos as promessas. 2. Abel, Enoque, Noé, Abraão e Sara confiaram no que ainda não podiam ver. 3. Isaque, Jacó, José e Moisés acreditaram em coisas que ainda ocorreriam. 4. Moisés e os leitores de Hebreus passaram por insultos, humilhação e privações e foram afligidos por causa de sua fé em Cristo. 5. Raabe ouviu, creu e obedeceu, embora não tivesse visto as maravilhas que Deus havia realizado. 6. Que não desanimemos, mas que corramos com perseverança a carreira, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus.
 
Resumo da Lição 11
Jesus, Autor e Consumador da fé
TEXTOS-CHAVES: Hb 10:32-39; Rm 1:17; Hb 11; Gn 22:1-14; Js 2:8-11; Hb 12:1-3
 
ESBOÇO
 
Temas da lição
 
Para uma definição bíblica de fé, não é necessário ir além de Hebreus 11:1: “A fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se veem.” Todo o capítulo explica e exemplifica em que consiste apegar-se às promessas divinas apesar de não se ter evidências visíveis para a fé. O capítulo da fé é apresentado com uma citação de Habacuque 2:2-4. Esse profeta perguntou a Deus por que Ele não intervinha na destruição dos justos pelos ímpios (Hc 1:13; 2:1). Em resposta, Deus lembrou a Habacuque que haveria um lapso de tempo antes que Ele agisse. Ao contrário do que parecia, esse lapso não era demora da parte de Deus. Nesse ínterim, o profeta precisava exercer fé. A fé anda de mãos dadas com a perseverança (Hb 10:36-38). Os heróis de Hebreus 11 mostraram perseverança e fé no invisível. Abraão acreditava que Deus poderia ressuscitar Isaque dos mortos (Hb 11:19), dado que estava praticamente morto quando se tornou pai de Isaque (Hb 11:12). Moisés, embora predestinado a se tornar o monarca do maior império da antiguidade desde o dilúvio, escolheu maus-tratos, abuso e sofrimento com o povo de Deus em lugar dos fugazes prazeres palacianos dos faraós. Moisés tomou essa decisão porque olhou para a recompensa futura prometida por Deus (Hb 11:26). A audiência de Hebreus se identificou com esse profeta, pois estava passando por circunstâncias semelhantes. Esses cristãos também precisavam olhar para a recompensa futura. Outro exemplo notável em Hebreus 11 é Raabe, uma prostituta gentia. Embora gentia, ela ouviu sobre as ações de Deus, creu Nele e agiu de acordo com sua crença ao esconder os espias hebreus (Js 2:8-11). Da mesma forma, o público de Hebreus não tinha visto Jesus, mas foi chamado a crer e agir com fé em resposta às palavras de Deus.
 
COMENTÁRIO
 
Creatio ex Nihilo (do latim, “criação a partir do nada”)
 
A frase Creatio ex Nihilo retrata a ideia de que o Universo foi criado por Deus a partir do nada. Um dos textos clássicos para apoiar esse conceito é Hebreus 11:3: “Pela fé, entendemos que o Universo foi formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não são visíveis.” Essa passagem pode ser interpretada assim, porém, analisaremos uma compreensão alternativa desse texto.
 
Após a definição de fé em Hebreus 11:1, Paulo passou a falar de pessoas da antiguidade que foram elogiadas por sua fé (Hb 11:2). A lista dos fiéis não começou com Abel, surpreendentemente, mas conosco (isto é, com os leitores) e com Paulo, o autor da carta. “Pela fé, entendemos” (Hb 11:3). Essas palavras expressam uma perspectiva intelectual de uma realidade de fé. Entendemos que o Universo (literalmente os mundos) foi criado pela palavra de Deus. A criação só pode ser compreendida mediante a fé, afirmava Paulo. Além disso, o que é visível não foi feito de coisas que são visíveis. Em outras palavras, o mundo da criação é visível, mas sua origem, não. Sua origem é compreendida intelectualmente apenas pela fé.
 
Qual é essa origem invisível? Foi ex nihilo, “do nada”, que Deus criou o Universo visível? O texto diz: “O visível veio a existir das coisas que não são visíveis” (Hb 11:3), o que significa que as coisas que não são visíveis não são necessariamente inexistentes. Por exemplo, só porque não vemos o vento, não significa que ele não exista. Será que as coisas invisíveis das quais os mundos visíveis foram feitos são uma referência à “palavra de Deus”? Se assim for, essa é uma alusão clara ao relato da criação em Gênesis 1, onde a palavra de Deus é a fonte da criação (a expressão “Então Deus disse” se repete em Gn 1:3, 6, 9, 11, 14, 20, 24, 26). Em outras palavras, o mundo sensorial deriva de um poder que permanece inacessível aos nossos sentidos: a poderosa palavra criativa de Deus. Nessa perspectiva, há uma explicação melhor para o verso 3.
 
Em vez de se referir à criação a partir do nada, Paulo usou uma estrutura paralela para enfatizar a invisibilidade da palavra divina. Observe os três conjuntos de ideias correspondentes e inter-relacionadas em Hebreus 11:3:
 
 
 
A “o Universo” (3a) — A’ “o visível” (3b)
 
B “foi formado” (3a) — B’ “veio a existir” (3b)
 
C “pela palavra de Deus” (3a) — C’ “coisas que não são visíveis” (3b)
 
 
 
Ou, de outra forma: [A] “Pela fé, entendemos que o Universo [B] foi formado [C] pela palavra de Deus, [A’] de maneira que o visível [B’] veio a existir das coisas [C’] que não são visíveis” (Hb 11:3). Assim, vemos que a palavra invisível de Deus criou o Universo visível. Essa compreensão do verso corrobora a preocupação de Paulo de que seu público se orientasse pelas coisas não vistas, porém esperadas. “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se veem” (Hb 11:1). Em suma, podemos dizer que a palavra invisível de Deus produziu mundos visíveis e nosso Universo. Isso não significa que Deus não criou, nem poderia criar ex nihilo, mas apenas que esse texto parece dizer outra coisa.
 
Perguntas para reflexão: Pela fé, nós, assim como Paulo e a audiência de Hebreus, entendemos que Deus criou os mundos por meio de Sua palavra poderosa, porém invisível.
 
1. O que você acha que motivou Noé a construir uma arca, apesar de não ter havido antes enchente, nem chuva?
 
2. O que você acha que motivou Abraão a partir para um país que ele não tinha conhecido nem explorado?
 
3. O que você acha que motivou Moisés a trocar uma vida de “prestígio” no palácio do Egito por uma vida “miserável” com a geração do Êxodo?
 
 
 
Esaú não achou lugar de arrependimento
 
Hebreus 12:17 diz a respeito de Esaú: “Vocês sabem também que, posteriormente, querendo herdar a bênção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado.” Esse verso, como outros em Hebreus (Hb 6:4-6; 10:26-29) parece falar de um arrependimento impossível (na lição 7, há um comentário sobre Hebreus 6:4-6: “Impossível renová-los”). Deus de fato rejeitou Esaú?
 
Hebreus 12 fala sobre a corrida na qual Cristo é nosso exemplo de perseverança, que resulta da disciplina, e esta fortalece as mãos fracas e os joelhos débeis. Além disso, Paulo admoestou sua audiência a buscar paz e santidade, “sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12:14). Todo cristão é exortado a viver em paz e manter harmonia com todos, desde que esteja ao seu alcance (Rm 12:18). Não apenas a paz, mas também a santidade são atributos essenciais que os cristãos devem buscar. Qual é o objetivo da disciplina que Deus inflige a Seus filhos? Ele deseja que eles participem de Sua própria santidade (Hb 12:10). A ausência de santidade e paz equivale à ausência da visão do Senhor. A ausência da santidade é ilustrada na vida da pessoa sexualmente imoral (grego: pornos) e na impiedade de Esaú (Hb 12:16). Paulo comentou tanto sobre o desprezo de Esaú pela primogenitura (Gn 25:29-34) quanto sobre a perda da bênção do primogênito (Gn 27:1-40). Com esse contexto em mente, indagamos: Esaú não achou lugar de arrependimento, embora o tivesse buscado com lágrimas?
 
Algumas versões bíblicas como a ARA, ACF, NAA dão a impressão de que Esaú não encontrou arrependimento. Além disso, essas versões nos fazem imaginar que Esaú desejava o arrependimento, mas, por alguma razão, Deus negou a ele essa chance. Para solucionar isso, precisamos questionar: A que se refere o pronome “o” na frase “com lágrimas o tivesse buscado”? Seu antecedente é “arrependimento” ou “bênção”? Em grego, o pronome que está antes do verbo “tivesse” é feminino. Portanto, seu antecedente deve ser um substantivo feminino também. Na tradução para o português, o substantivo mais próximo desse pronome é “arrependimento”: essa proximidade é o motivo da confusão. Em grego, tanto “arrependimento” quanto “bênção” são substantivos femininos. No entanto, “arrependimento” faz parte de uma expressão fixa e vem junto com “lugar/oportunidade”, razão pela qual também se traduz a frase em questão como “oportunidade de arrependimento”. Então, se Esaú não encontrou uma “oportunidade de arrependimento”, o que ele buscava com lágrimas? Como o substantivo “lugar” é masculino, o pronome feminino não pode se referir a ele. Assim, a única opção é o substantivo “bênção”, que se encontra mais afastado. Esaú não encontrou oportunidade para se arrepender, embora tenha buscado a bênção com lágrimas. Algumas traduções como a NVI captam a gramática grega corretamente ao traduzir o verso da seguinte forma: “Como vocês sabem, posteriormente, quando quis herdar a bênção, foi rejeitado; e não teve como alterar a sua decisão, embora buscasse a bênção com lágrimas” (Hb 12:17, NVI).
 
Essa tradução também concorda com a narrativa em Gênesis 27:34-38. O relato nos diz que Jacó enganou seu pai fingindo ser Esaú. Quando Esaú foi até seu pai com o alimento saboroso, Isaque ficou surpreso porque pensou que já havia abençoado seu primogênito. Ao perceber que havia sido enganado por seu filho Jacó, ele “estremeceu, sentindo uma violenta comoção” (Gn 27:33). Esaú, por outro lado, percebendo que a bênção havia sido concedida, “deu um grito cheio de amargura e disse: – Abençoe também a mim, meu pai!” (Gn 27:34). Após o diálogo com seu pai, “levantando Esaú a voz, chorou” (Gn 27:38).
 
Em suma, podemos dizer que Esaú não chorou por uma oportunidade de se arrepender de tudo o que havia feito por seu estilo de vida ímpio; em vez disso, chorou pelas bênçãos perdidas, que seu irmão havia roubado dele. Foi exatamente isso o que Paulo quis dizer ao afirmar: “Não teve como alterar a sua decisão, embora buscasse a bênção com lágrimas” (Hb 12:17, NVI). Deus oferece oportunidade de arrependimento a todos que desejam se arrepender (Rm 2:4; 2Co 7:9, 10; 2Tm 2:25; 2Pe 3:9).
 
APLICAÇÃO PARA A VIDA
 
Ao longo de sua história, nossa igreja sobreviveu a várias crises. Durante o século 20, enfrentamos controvérsias sobre as questões da inspiração, o papel de Ellen G. White, a natureza de Cristo, a Divindade, a igreja remanescente, criação versus evolução, etc. O século 21 parece ter trazido todas essas questões simultaneamente.
 
1. Quais seriam as consequências se nós, adventistas do sétimo dia, cedêssemos ao sistema de crenças da evolução ou evolução teísta?
 
2. O relato da criação se harmoniza com uma criação ex nihilo (“criação a partir do nada”)?
 
3. Por que é importante consultar mais de uma tradução/versão bíblica ao se deparar com um texto difícil?
 
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Perdão para minha mãe (Parte 1)
 
Charmaine Ku
 
Quando entreguei a vida a Jesus, o Espirito Santo convenceu meu coração sobre um pecado contra o qual lutei por muitos anos. Esse pecado quebrava um dos Dez Mandamentos: “Honra teu pai e tua mãe...” (Êxodo 20:12). Tive consciência sobre o pecado enquanto fazia a mesma oração de Davi: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações. Vê se há em minha conduta algo que te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno” (Salmos 139:23, 24, NVI).
 
Acredito que o início de tudo foi quando comecei a sair com um homem que não era cristão, em minha terra natal na Malásia. Mamãe não gostava do meu namorado e não fazia questão de disfarçar. Algumas vezes, ela o ignorava quando ele a cumprimentava. Parecia revirar os olhos quando o encontrava. Essa tensão durou durante os oito anos que namoramos. Eu também era intransigente. Nunca levava em consideração a opinião de minha mãe, e gostava de tornar sua vida difícil. Cheguei ao ponto de raramente voltar para casa, exceto para dormir, porque não queria passar tempo com minha mãe.
 
Então, comecei a orar a Deus pedindo perdão e que me ajudasse a cumprir o quinto mandamento. Mas, falhei diariamente durante os dois anos seguintes. Orava pela manhã, e no exato momento em que saía do meu quarto e começava a falar com a mamãe, a raiva me vencia. Mamãe e eu simplesmente não nos víamos e ela realmente me irritava. Passei a orar mais, porém, comecei a não gostar até do som dela batendo na minha porta e me dizendo que a comida estava pronta.
 
Eu era uma filha muito desrespeitosa e não conseguia evitar. Parei de falar com a mamãe por alguns meses. Quando ela tentava iniciar uma conversa comigo, eu a ignorava completamente. Eu não sabia como falar com ela. Aparentemente, não conseguia perdoá-la. E orava ainda mais.
 
Deus respondeu a oração através da Bíblia. Certa manhã, eu li as palavras de Jesus encontradas em Mateus 6:14, 15: “Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará. Mas se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas” (NVI). Então, li em Caminho a Cristo, de Ellen White: “A luta contra o próprio eu é a maior batalha que já foi ferida. A renúncia de nosso eu, sujeitando tudo à vontade de Deus, requer luta; mas a alma tem de submeter-se a Deus antes que possa ser renovada em santidade” (p. 43).
 
Percebi que estava apegada a um pecado perigoso. Precisava aprender a perdoar a mamãe, mas realmente não conseguia porque não me humilharia para aceitá-la e perdoá-la.
 
Deus continuou trabalhando em meu coração e Ele me ajudou a começar a falar com a mamãe novamente. Louvado seja Deus! Foi um começo. Mas sabia que havia um longo caminho a percorrer. Embora estivéssemos conversando, faltava amor e paciência em nossas conversas. Em minha sabedoria humana, podia enumerar muitas razões pelas quais ela merecia ser tratada grosseiramente. Muitas vezes, acreditava que ela precisava receber uma lição porque nosso relacionamento rompido não era tudo minha culpa.
 
Orei para que o Espirito Santo me transformasse, mas, se não fosse possível, que transformasse minha mãe. Lembrei-me de uma citação famosa de um autor desconhecido: “Algumas vezes Deus não muda nossa situação porque Ele deseja transformar nosso coração”. Eu estava completamente segura que Deus desejava me transformar. Mas como?
 
Hoje, Charmaine é professora da Escola Missionária Internacional Adventista em Korat, Tailândia. Antes de trabalhar nessa instituição, ela conseguiu, finalmente, fazer as pazes com a mãe. Descobriremos como isso aconteceu na próxima semana. Há três anos, as ofertas trimestrais ajudaram a Escola Missionária Internacional Adventista a expandir para o Ensino Médio e construir salas de aula e outros prédios em um novo terreno.
 
 
 
Informações adicionais
 
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Esta história ilustra os seguintes componentes do plano estratégico do “I Will Go” [Eu irei] da Igreja Adventista: objetivo missionário nº 2 – “fortalecer e diversificar o alcance dos adventistas nas grandes cidades (...) entre grupos de pessoas não-alcançadas e para religiões não cristãs”. Saiba mais sobre esse projeto em IWillGo2020.org.
 
 Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º trimestre de 2022
 
Tema geral: Hebreus: mensagem para os últimos dias
 
Lição 11 – 5 a 11 de março de 2022
 
Jesus, Autor e Consumador da nossa Fé
 
Autor: Adriani Milli Rodrigues
 
Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
 
Revisora: Josiéli Nóbrega
 
Em muitos casos, em nosso contexto contemporâneo, a fé é considerada uma questão individual e envolve uma condição basicamente mental, ou mesmo mística, das convicções religiosas. Em outras palavras, a fé é vista como individualista e intimista. Contudo, ao passo que a fé tenha uma dimensão individual e pessoal, a visão bíblica da fé é bastante distinta e ampla. Na Epístola aos Hebreus, a fé é retratada de maneira muito dinâmica. Em geral, ela (1) sempre se relaciona à ação, não sendo meramente convicção intelectual, e (2) é comparada a uma corrida, não meramente individual, mas coletiva.
 
Quando falamos de fé na Bíblia, nossa mente relembra rapidamente de Hebreus 11, comumente considerado o capítulo da galeria da fé. Aliás, das 32 ocorrências do termo pístis (fé) na epístola, 24 aparecem no capítulo 11. De fato, os 3 primeiros versos do capítulo 12 constituem uma poderosa conclusão do capítulo 11. Enquanto o capítulo 11 apresenta o importante e motivador testemunho de fé de várias personalidades que marcaram a história bíblica, o início do capítulo 12 aponta para Cristo como o clímax da chamada galeria da fé. Mais precisamente, Ele é “o Autor e Consumador da fé” (Hb 12:2).
 
Ao comentarmos a mensagem de fé a partir do capítulo 11, no entanto, é importante ressaltar que, antes de Hebreus apresentar o que é a fé, a epístola indica o que a fé não é. Se no capítulo 11 a palavra grega principal é pístis (fé), no capítulo 3 o conceito principal é apistía. A tradução portuguesa mais natural de apistía é incredulidade (ou infidelidade). Entretanto, de maneira mais literal, o entendimento do termo grego é similar à compreensão do uso que fazemos em português do prefixo “a” para negação ou privação/ausência do termo em questão. Podemos, por exemplo, observar esse tipo de construção linguística nas palavras: amoral, anormal, atípico, atemporal, acéfalo, etc. Portanto, para tornarmos mais visível didaticamente a oposição entre os termos pístis e apistía, podemos criar uma palavra em português para descrever de maneira mais literal o significado grego de apistía: essa palavra seria “afé” (no mesmo sentido de negação ou privação/ausência que observamos em termos como amoral, anormal, atípico, atemporal, acéfalo, etc.). No contexto das admoestações dos capítulos 3 e 4, apistía aparece em 3:12, 19, na discussão do exemplo negativo da geração do deserto que não confiou na promessa divina da posse da terra prometida (veja a citação de Sl 95:7-11 em Hb 3:7-11), por ter se assustado com os gigantes que lá habitavam (cf. Nm 13–14). Como resultado da incredulidade (apistía), essa geração não entrou no descanso de Deus. Nessa discussão, apistía transmite a ideia de um coração endurecido e insensível à voz das promessas de Deus.
 
Felizmente, a Epístola aos Hebreus não contém apenas esse exemplo e as admoestações acerca do perigo da apistía. Na progressão do conteúdo da carta, o exemplo sombrio de apistía dá lugar à bela mensagem da fé (pístis). Curiosamente, o primeiro uso do termo pístis em Hebreus ocorre em 4:2, precisamente nas considerações acerca da apistía. Antes do capítulo 11, Hebreus 6:12 já enfatiza a importância de imitar aqueles que, pela fé perseverante e paciente, recebem as promessas divinas. A epístola também ressalta a necessidade da perseverança da fé e a consequente concretização das promessas de Deus em 10:36-39, que cita Habacuque 2:3, 4 e serve como texto introdutório para a galeria da fé em Hebreus 11. Aliás, a própria definição inicial da fé em 11:1 associa a fé com a esperança, que é um elemento fundamental para a perseverança: “a fé é a certeza de coisas que se esperam.” Como a lição de domingo destaca, o exemplo de Habacuque é muito pertinente para essa discussão, visto que o profeta ansiava a concretização das promessas de Deus em tempos difíceis, em que os ímpios oprimiam os justos (Hc 1:12-17). Esse tipo de situação se parece com as próprias lutas e dificuldades da audiência imediata da epístola aos Hebreus (cf. Hb 10:32-39).
 
Mas como a epístola procura motivar os crentes para que eles perseverem na fé em relação às promessas divinas, e não caiam na tentação do desânimo frente aos duros obstáculos e dificuldades, como foi o caso de apistía (incredulidade, ausência de fé) no exemplo negativo da geração do deserto? Podemos dizer que a epístola apresenta 3 tipos de exemplos positivos de fé perseverante nas promessas de Deus para motivar os crentes. É interessante notar que o primeiro tipo de exemplo usado é a lembrança da fé desse próprios crentes: “Lembrem-se dos dias passados, quando, depois que foram iluminados, vocês sustentaram grande luta e sofrimentos. Em certos momentos vocês foram transformados em espetáculo, tanto para ser insultados quanto para ser maltratados; em outros vocês se tornaram coparticipantes com aqueles que foram tratados assim. Porque vocês não apenas se compadeceram dos encarcerados, mas também aceitaram com alegria a espoliação dos seus bens, porque sabiam que tinham um patrimônio superior e durável. Portanto, não percam a confiança de vocês, porque ela tem grande recompensa” (Hb 10:32-35). Pela graça de Deus, a lembrança da nossa própria experiência de fé é um importante incentivo para nossa continuidade na fé.
 
O segundo tipo de exemplo usado é a fé dos “antigos” (11:2). Aqui encontramos uma lista extraordinária de personagens bíblicos que viveram pela fé. De maneira geral, isso significa que eles ouviram as promessas de Deus com o coração aberto e agiram perseverantemente em conformidade com elas, mesmo em situações em que não se podia enxergar como Deus cumpriria Suas promessas. Nessa lista, encontramos Noé, que confiou nas instruções divinas “a respeito de acontecimentos que ainda não se viam” e agiu em conformidade com elas (11:7). Lemos também sobre Abraão (11:17, 18), normalmente conhecido como o pai da fé, que acreditou no cumprimento das promessas de Deus e agiu em conformidade com elas. Essas promessas envolviam a criação de uma grande nação. Abraão creu mesmo sem conseguir visualizar como essas promessas poderiam se cumprir diante da solicitação do sacrifício de Isaque. Também podemos sublinhar a experiência de Moisés, que acreditou nas promessas de Deus e agiu em conformidade com elas, mesmo quando todas as aparências apontavam para a improbabilidade delas, porque ele foi capaz de ver “Aquele que é invisível” (11:27). Outra personalidade significativa é Raabe (11:31), que confiou na prometida ação do Deus de Israel e agiu em conformidade com ela, mesmo não tendo visto, mas tendo apenas ouvido sobre os poderosos feitos do Senhor na libertação do Egito.
 
Embora as personalidades da grande lista da galeria da fé do capítulo 11 não estivessem mais vivas no tempo histórico dos crentes da época da Epístola aos Hebreus, a memória da história dessas personalidades é figurativamente comparada à presença de uma audiência composta por testemunhas que se encontram em um estádio acompanhando a corrida dos crentes (11:1). Rodeados por essas memórias e testemunhos, eles precisam continuar a corrida que os antigos também correram. A imagem da corrida aqui é muito própria. Em primeiro lugar, ela sublinha a ideia de que a fé não é uma experiência estática ou meramente contemplativa, mas uma vivência ativa e dinâmica. Em segundo lugar, essa imagem ativa também sugere que a vida da fé pode encontrar momentos difíceis de cansaço, mas não se pode ceder à tentação do desânimo da apistía. Em terceiro lugar, a corrida aqui mencionada não é individualista, mas coletiva. Assim como podemos imaginar hoje a lógica de uma corrida de bastão, nossa corrida de fé na vida cristã é uma continuação da corrida de outros no passado, cuja memória e testemunho nos acompanha. Em quarto lugar, a corrida, embora desafiadora e cansativa, vislumbra um final de glória.
 
É precisamente aqui que encontramos o terceiro e mais importante tipo de exemplo apresentado pela epístola para motivar a fé dos crentes, a saber, a crente, perseverante e fiel atitude de Jesus com relação ao plano divino da salvação. Ao passo que os olhos dos crentes precisam contemplar nosso próprio exemplo motivador de fé do passado (10:32) e os encorajadores testemunhos de fé de vários personagens bíblicos (cap. 11), o foco principal do olhar deve estar firmemente concentrado em Jesus (12:2). Seu exemplo revela a desafiadora e cansativa “oposição dos pecadores contra Si mesmo” (12:3) bem como a profunda dor e humilhante vergonha da cruz (12:2). Contudo, Ele revela especialmente a gloriosa alegria dos resultados da Sua fidelidade e perseverança, que se expressa particularmente na condição régia de Cristo, que Se encontra assentado à direita do trono de Deus (12:2). De fato, Jesus Cristo não é apenas exemplo motivador para a perseverante fé dos cristãos. De maneira mais profunda, é por meio Dele que podemos ter fé, visto que Ele é “o Autor e Consumador da fé” (12:2).
 
Conheça o autor dos comentários para a Lição deste trimestre: Adriani Milli Rodrigues é o coordenador da graduação em Teologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo. Possui doutorado (Ph.D) em Teologia Sistemática na Andrews University (EUA) e mestrado em Ciências da Religião pela Umesp. Natural do Espírito Santo, ele trabalha no Unasp desde 2007. É casado com a professora Ellen e tem uma filha, a Sarah, de 7 anos.

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