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09/04/2022 as 18:41:12 | por CPB |

Caim e seu legado

Caim e seu legado

Fotografo: CPB
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Caim e seu legado
Lição 3
09 a 15 de abril
 
Sábado à tarde
Ano Bíblico: 2Sm 22-24
 
VERSO PARA MEMORIZAR: “Se fizer o que é certo, não é verdade que você será aceito? Mas, se não fizer o que é certo, eis que o pecado está à porta, à sua espera. O desejo dele será contra você, mas é necessário que você o domine” (Gn 4:7).
 
LEITURAS DA SEMANA: Gn 4; Hb 11:4; Mq 6:7; Is 1:11; 1Co 10:13; 1Jo 3:12; Gn 5; 6:1-5
 
Em Gênesis, o que se segue imediatamente após a queda, e a expulsão de Adão e Eva do Éden, são nascimentos e mortes, todos em cumprimento das profecias de Deus no capítulo anterior. Gênesis 3 e 4 contêm muitos temas e palavras comuns: descrições de pecado (Gn 3:6-8; 4:8), maldições da terra [‘adamah] (Gn 3:17; 4:11) e expulsão (Gn 3:24; 4:12, 16).
 
A razão desses paralelos é destacar o cumprimento das profecias e predições que Deus fez a Adão e Eva após a queda. O primeiro evento depois de Adão ter sido expulso foi cheio de esperança: o nascimento do primeiro filho, considerado por Eva como o cumprimento da promessa que ouviu na profecia messiânica (Gn 3:15). Ou seja, ela pensou que ele fosse o Messias prometido.
 
Os eventos seguintes: o crime de Caim, o crime de Lameque, a diminuição da expectativa de vida e o aumento da maldade são todos cumprimentos da maldição proferida em Gênesis 3.
 
No entanto, nem toda esperança estava perdida.

Domingo, 10 de abril
Ano Bíblico: 1Rs 1, 2
Caim e Abel
 
1. Leia Gênesis 4:1, 2. O que aprendemos sobre o nascimento de Caim e Abel?
 
O primeiro evento registrado pelo autor bíblico imediatamente após a expulsão de Adão do jardim do Éden é um nascimento. Na frase hebraica em Gênesis 4:1, as palavras “o Senhor” (YHWH) estão diretamente ligadas às palavras “um homem”, como indica a seguinte tradução literal: “Adquiri um homem, na verdade o próprio Senhor”. Essa tradução sugere que Eva se lembrou da profecia messiânica de Gênesis 3:15 e acreditou que havia dado à luz seu Salvador, o Senhor. “A vinda do Salvador foi predita no Éden. Depois que Adão e Eva ouviram pela primeira vez a promessa, aguardaram um cumprimento imediato dela. Receberam alegremente seu primeiro filho, na esperança de que fosse o Libertador” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 20 [31]).
 
Caim ocupa a maior parte do relato. Ele não era apenas o primogênito, um filho que os pais quase “adoravam”; no capítulo, ele é o único que fala. Enquanto Eva comentou animadamente sobre o nascimento de Caim, não disse nada no nascimento de Abel, pelo menos nada que esteja registrado no texto, em contraste com o nascimento de Caim. O narrador simplesmente relatou que ela “voltou a dar à luz” (Gn 4:2, NVI).
 
O nome Caim vem do verbo hebraico qanah, que significa “adquirir” e denota a aquisição, a posse de algo precioso e poderoso. Por outro lado, o nome hebraico Hebel, em português Abel, significa “sopro” (Sl 62:9, NVI), ou “brisa” (Sl 144:4, NVT), e indica algo evasivo, vazio, falta de substância. A mesma palavra, hebel (abel), é usada repetidamente em Eclesiastes para “vaidade”. Embora não seja nossa intenção ver mais nessas curtas passagens do que aquilo que está contido nelas, talvez a ideia seja de que a esperança de Adão e Eva repousasse somente em Caim, pois acreditavam que ele, e não seu irmão, fosse o Messias prometido.

Segunda-feira, 11 de abril
Ano Bíblico: 1Rs 3, 4
As duas ofertas
 
O contraste entre Caim e Abel, conforme refletido em seus nomes, não dizia respeito apenas às suas personalidades; também se manifestava em suas respectivas ocupações. Enquanto Caim era “agricultor”, profissão que exigia trabalho físico árduo, Abel era “pastor de ovelhas” (Gn 4:2), o que implicava sensibilidade e compaixão.
 
Essas duas ocupações não apenas explicam a natureza das duas ofertas (alimentos de Caim e uma ovelha de Abel), mas também falam das duas atitudes psicológicas e mentalidades diferentes associadas a elas: Caim trabalhava para “adquirir” o fruto que produzia, enquanto Abel tinha o cuidado de “guardar” as ovelhas que recebia.
 
2. Leia Gênesis 4:1-5 e Hebreus 11:4. Por que Deus aceitou a oferta de Abel e rejeitou a de Caim? Como devemos entender o que aconteceu ali?
 
“Sem derramamento de sangue não poderia haver remissão de pecado; e eles deviam mostrar sua fé no sangue de Cristo como a expiação prometida, oferecendo em sacrifício o primogênito do rebanho. Além disso, as primícias da terra deviam ser apresentadas diante do Senhor em ação de graças” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 47 [71]).
 
Enquanto Abel obedeceu às instruções divinas e, conforme o texto hebraico, ofereceu as primícias da terra, além da oferta queimada de animal, Caim se recusou a fazê-lo. Ele não trouxe um animal para ser sacrificado, mas apenas uma oferta do “fruto da terra”. Foi um ato de flagrante desobediência, em contraste com a atitude de seu irmão. Com frequência, essa história tem sido considerada um caso clássico de salvação pela fé (Abel e sua oferta de sangue) em contraste com uma tentativa de ganhar a salvação pelas obras (Caim e o fruto da terra).

Terça-feira, 12 de abril
Ano Bíblico: 1Rs 5, 6
O crime
 
3. Leia Gênesis 4:3-8. O que levou Caim a matar seu irmão? Veja também 1 João 3:12.
 
A reação de Caim foi dupla: “Caim ficou muito irritado e fechou a cara” (Gn 4:5). Ao que parece, a raiva de Caim foi dirigida a Deus e a Abel. Ele sentiu raiva de Deus porque pensava que estava sendo vítima de injustiça, e raiva de Abel porque tinha ciúmes de seu irmão. Ciúmes de quê? Devido à oferta? É evidente que algo mais aconteceu nos bastidores e que não é revelado nesses poucos textos. Caim entristeceu-se, pois sua oferta não havia sido aceita.
 
As duas perguntas de Deus em Gênesis 4:6 estão relacionadas às duas condições de Caim. Observe que o Senhor não o acusou. Da mesma forma que fez com Adão, Deus fez perguntas, não porque não soubesse as respostas, mas porque desejava que Caim olhasse para si mesmo e entendesse a razão de sua própria condição. Como sempre, o Senhor procura redimir Seu povo, mesmo quando este O abandona abertamente. Então, depois de perguntar, Deus aconselhou Caim.
 
Primeiro, o exortou a “fazer o bem”. Foi um chamado ao arrependimento e à mudança de atitude. Deus prometeu a Caim que ele seria “aceito” e perdoado; mas isso deveria acontecer nos termos Dele, não nos de Caim.
 
Por outro lado, “se não fizer o que é certo, eis que o pecado está à porta, à sua espera. O desejo dele será contra você, mas é necessário que você o domine” (Gn 4:7). O conselho divino revelou a raiz do pecado e esta se encontrava no próprio Caim. Novamente, Deus o aconselhou, procurando guiá-lo no caminho que devia seguir.
 
O segundo conselho divino diz respeito à atitude que se deveria tomar em relação àquele pecado, que estava à porta e cujo desejo era contra Caim. Deus recomendou autocontrole: “é necessário que você o domine”. O mesmo princípio ecoa em Tiago: “cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz” (Tg 1:14). O evangelho oferece não só o perdão, mas também a vitória sobre o pecado (1Co 10:13). Caim não tinha ninguém para culpar por seu pecado, exceto a si mesmo. Em geral, não é isso também o que acontece a todos nós?

Quarta-feira, 13 de abril
Ano Bíblico: 1Rs 7, 8
A punição de Caim
 
4. Leia Gênesis 4:9-16. Por que Deus perguntou: “Onde está Abel, o seu irmão?” Qual é a relação entre o pecado de Caim e o fato de se tornar “fugitivo e errante pela terra” (Gn 4:12)?
 
A pergunta de Deus a Caim relembra a pergunta feita pelo Senhor a Adão no Éden: "Onde você está?"
 
Caim, porém, não reconheceu seu pecado. Ao contrário, o negou, algo que Adão não fez, embora tentasse colocar a culpa em outro. Caim, por sua vez, desafiou abertamente a Deus, que não perdeu tempo confrontando-o com seu crime. Quando o Senhor fez a terceira pergunta “O que foi que você fez?”, Ele nem mesmo esperou por uma resposta, apenas relembrou a Caim que sabia de tudo, pois a voz do sangue de Abel O alcançava desde a terra (Gn 4:10), imagem que significava que Deus sabia sobre o assassinato e reagiria. Abel havia voltado à terra, estava enterrado, uma ligação direta com a queda e com o que o Senhor disse que aconteceria a Adão (ver Gn 3:19).
 
5. Leia Gênesis 4:14. O que significam as palavras de Caim: “da Tua presença terei de me esconder”?
 
O sangue de Abel tinha sido derramado na terra. Por isso, ela foi amaldiçoada novamente (Gn 4:12). Como resultado, Caim foi condenado a se tornar um refugiado, longe do Senhor. Somente quando Caim ouviu a sentença divina, reconheceu o significado da presença de Deus, pois sem Ele, temeu por sua própria vida. Mesmo após ter assassinado a sangue frio seu irmão e ter se rebelado, o Senhor mostrou misericórdia para com ele, e ainda que Caim tenha se retirado “da presença do Senhor” (Gn 4:16), Ele lhe deu algum tipo de proteção. Não sabemos o que exatamente era esse “sinal” (Gn 4:15), mas foi dado apenas por causa da graça de Deus para com ele.

Quinta-feira, 14 de abril
Ano Bíblico: 1Rs 9, 10
A maldade do ser humano
 
6. Leia Gênesis 4:17-24. Qual foi o legado de Caim, e como seu crime abriu caminho para o aumento da impiedade?
 
Lameque, descendente de Caim, referiu-se ao crime do avô no contexto do seu próprio. Essa comparação entre o crime de Caim e o de Lameque é instrutiva. Enquanto o primeiro se calou sobre seu único crime registrado, o segundo parecia se vangloriar do seu, expressando-o em uma canção (Gn 4:23, 24). Enquanto Caim pediu a misericórdia divina, não háregistro de Lameque fazendo o mesmo. Enquanto Caim foi vingado sete vezes por Deus, Lameque acreditava que seria vingado setenta e sete vezes (ver Gn 4:24), uma indicação de que ele estava bem ciente de sua culpa.
 
Além disso, Caim era monogâmico (Gn 4:17). Lameque introduziu a poligamia, pois a Bíblia diz especificamente que ele “tomou para si duas esposas” (Gn 4:19). Essa intensificação e exaltação do mal afetaram as gerações seguintes de caimitas.
 
O texto bíblico registra um novo evento que se opõe a essa tendência. “Adão tornou a ter relações com sua mulher” (Gn 4:25), e o resultado foi o nascimento de Sete, cujo nome foi dado por Eva para indicar que Deus lhe havia concedido “outro descendente” no lugar de Abel.
 
A história do nome Sete precede Abel. Ele deriva do verbo hebraico ‘ashit, “porei” (Gn 3:15), que introduz a profecia messiânica. A semente messiânica seria transmitida na linhagem setita. A Bíblia começa o registro da linhagem messiânica com Sete, inclui Enoque e Metusalém e termina com Noé (Gn 5:3, 24, 25; 6:8).
 
A frase “os filhos de Deus” (Gn 6:2) refere-se à linhagem de Sete, pois foram concebidos para preservar a imagem divina (Gn 5:1, 4). Por outro lado, as “filhas dos homens” (Gn 6:2) parecem ter uma conotação negativa, contrastando a descendência daqueles que são imagem de Deus com aqueles que são feitos à imagem dos homens. E foi sob a influência dessas “filhas dos homens” que os filhos de Deus “tomaram para si mulheres, aquelas que, entre todas, mais lhes agradaram” (Gn 6:2), indicando a direção errada que a humanidade estava tomando.

Sexta-feira, 15 de abril
Ano Bíblico: 1Rs 11, 12
Estudo adicional
 
A frase “Enoque andou com Deus” (Gn 5:22, 24) significa companheirismo íntimo e diário com o Senhor. O relacionamento pessoal de Enoque com Deus era tão especial que “Deus o levou” (Gn 5:24). Essa última frase é única na genealogia de Adão e não apoia a ideia de vida após a morte para aqueles que “andam com Deus”. Observe que Noé também andou com Deus (Gn 6:9) e morreu como todos os outros, incluindo Adão e Metusalém. Também é interessante notar que nenhuma razão é dada para justificar essa graça especial. “Enoque se tornou um pregador da justiça, tornando conhecido ao povo o que Deus lhe revelara. Aqueles que temiam ao Senhor procuravam esse santo homem, para compartilharem de sua instrução e de suas orações. Enoque trabalhava também publicamente, apregoando a mensagem de Deus a todos os que desejavam ouvir as palavras de advertência. Seus labores não se restringiam aos descendentes de Sete. Na terra em que Caim procurara fugir da presença divina, o profeta de Deus tornou conhecidas as maravilhosas cenas que havia observado em visão. Ele declarou: ‘Eis que veio o Senhor entre Suas santas miríades, para exercer juízo contra todos e para fazer convictos todos os ímpios, acerca de todas as obras ímpias’” (Jd 14, 15; Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 60 [86]).
 
Perguntas para consideração
 
1. Por que Caim matou seu irmão? Elie Wiesel escreveu: “Por que ele fez isso? Talvez quisesse ficar sozinho [...]. Sozinho como Deus e talvez sozinho no lugar de Deus [...]. Caim matou para se tornar Deus [...]. Qualquer um que se considera Deus acaba assassinando outros” (Elie Wiesel, Messengers of God: Biblical Portraits and Legends [Nova Iorque: Random House, 1976], p. 58). Mesmo não cometendo assassinato, por que devemos ter o cuidado de não refletirmos a atitude de Caim?
 
2. Compare a expectativa de vida dos antediluvianos (Gn 5) com a dos patriarcas. Como explicar essa diminuição no tempo de vida? Como essa degeneração se opõe às premissas do darwinismo moderno?
 
Respostas e atividades da semana: 1. O nascimento de Caim trouxe esperança, pois Eva imaginava que ele fosse o Messias prometido, ao passo que o nascimento de Abel foi considerado algo comum. 2. Sem derramamento de sangue, não há remissão de pecado. O sacrifício do animal representava a morte vicária de Cristo. Caim demonstrou não crer em um Libertador. 3. Ciúmes e maldade. Pensava que estava sendo vítima de uma injustiça, e embora Deus o tivesse aconselhado para o bem, ele escolheu o caminho do mal. 4. Para que Caim refletisse sobre o que havia feito e se arrependesse. Ele temia que fizessem com ele o mesmo que tinha feito com seu irmão. Além disso, devido a seu pecado, ficaria longe da presença divina. 5. O pecado nos separa de Deus. Caim temeu pela própria vida. 6. O legado de Caim foi uma descendência rebelde. A intensificação e exaltação do mal por parte de Lameque afetaram as gerações seguintes.
 
Resumo da Lição 3
Caim e seu legado
 
 
TEXTO-CHAVE: Gn 4:7
FOCO DO ESTUDO: Gn 4; Hb 11:4; Ap 6:9
 
ESBOÇO
 
Introdução: Gênesis 4, o capítulo seguinte da história humana, traz o primeiro nascimento anunciando a salvação messiânica e o primeiro ato de violência e morte. Os eventos dão uma ideia de como seria a vida humana após a queda, ou seja, mistura de vida e morte. Nascimento e crime estão interligados. A estrutura do capítulo 4 mostra essa tensão por meio da forma de sua estrutura quiástica, alternando entre o nascimento e o crime:
 
A. Nascimento a partir de Adão e Eva: Caim e Abel
 
B. Crime: Caim
 
C. Nascimento: legado de Caim e Lameque
 
B1. Crime: Lameque
 
A1. Nascimento a partir de Adão e Eva: Sete
 
A estrutura de Gênesis 4 traz várias lições. A salvação por parte de Deus encontra seu caminho por meio de uma série de contrastes entre Caim e Abel, em seus nomes e comportamentos e seus respectivos sacrifícios, e até mesmo entre Caim e Lameque. Embora os crimes de Caim e de Lameque ocupem todo o espaço, o capítulo é emoldurado pela esperança: começa e termina com a promessa messiânica. O capítulo começa com o nascimento de Caim e termina com o nascimento de Sete. Enquanto o nascimento de Caim conduz ao fracasso e tem um horizonte limitado feito de conquistas humanas e de violência, levando ao dilúvio, o nascimento de Sete traz reparação do fracasso anterior e restaura o plano divino de salvação, levando à sobrevivência da humanidade na história e à sua salvação.
 
COMENTÁRIO
 
O nascimento de Caim
 
Eva associou o nascimento de Caim à presença de YHWH. A mulher foi a primeira pessoa que mencionou o nome do Senhor (YHWH). Ela acreditava que o próprio Deus havia descido e Se tornado Aquele a quem ela tinha dado à luz: “Eu dei à luz um menino, o Senhor” (Gn 4:1). Essa tradução literal se justifica com base na gramática, pois o nome de Deus (YHWH) é introduzido pela mesma palavra, ‘et, que introduz o nome de Caim. Na verdade, todos os nomes pessoais, nesse verso, Eva, Caim e YHWH são introduzidos por essa partícula. Além disso, a frase ‘et qayin (“Caim”) é paralela à frase’ et YHWH (“o Senhor”). Essas duas frases ocorrem no mesmo lugar, concluindo a respectiva sugestão e, assim, ecoando uma na outra. Além disso, o uso da palavra ‘et antes de “o Senhor” marca uma forte ênfase nessa palavra.
 
Essa identificação é apenas um indício de como Adão e Eva devem ter se sentido. Lembrando-se da promessa de Gênesis 3:15, Eva pode ter pensado que tinha dado à luz seu Redentor. Ellen White interpreta essa passagem da seguinte maneira: “Depois que Adão e Eva ouviram pela primeira vez a promessa, aguardavam um cumprimento imediato dela. Receberam alegremente seu primeiro filho, na esperança de que fosse o Libertador” (O Desejado de Todas as Nações, p. 31).
 
Leia Gênesis 4:1, 2. Discuta o significado dos contrastes entre os dois irmãos. Caim nasceu antes de Abel. O nome Caim significa “adquirir”, “possuir”, enquanto o nome Abel significa “vapor”, “efêmero”, “vaidade”. Caim fala, enquanto Abel permanece em silêncio. Compare também suas ofertas (veja a seguir).
 
O sacrifício de Caim (Gn 4:3, 4)
 
Enquanto Caim escolheu tirar sua oferta apenas “do fruto da terra” (Gn 4:3), Abel, “por sua vez, trouxe” a oferta de sangue (Gn 4:4). Assim, em contraste com a oferta de Caim, a oferta de Abel estava em conformidade com a lei que exigia que um animal sacrifical fosse apresentado para a oferta queimada (Êx 29:39-41). No entanto, enquanto Abel obedeceu às instruções divinas, Caim optou por ignorá-las. Além disso, uma comparação entre os dois atos de oferecimento revela uma ligeira nuance entre eles. Enquanto Caim ofereceu “ao Senhor”, Abel apenas ofereceu. A menção “ao Senhor” está ausente na descrição do sacrifício de Abel.
 
Essa pequena diferença tem significado profundo, pois reflete dois pontos de vista fundamentalmente diferentes quanto à adoração. Enquanto Caim pensou em sua oferta como um presente a Deus, Abel entendeu seu sacrifício como um lembrete da dádiva de Deus para ele. Enquanto Caim considerava sua religião um movimento ascendente em direção a Deus, Abel a experimentava como um movimento descendente da parte de Deus. Essa mentalidade contrastante pode explicar também outra diferença sobre como as ofertas foram escolhidas. A oferta de Abel não era, em si, melhor que a de Caim. Na verdade, os frutos oferecidos por Caim devem até ter sido um produto melhor do que as ovelhas fornecidas por Abel. A diferença, entretanto, foi que Abel escolheu do bekorot, das “primícias”, o produto mais precioso da estação, de acordo com a legislação mosaica (Êx 23:19), ao passo que Caim tirou qualquer fruto da terra. A partir do contexto dos capítulos anteriores, cada uma das duas ofertas evocava algo diferente. A oferta dos frutos da terra (‘adamah) apon-
tava para Gênesis 3:19 e está associada ao esforço humano e à perspectiva da morte. A oferta de animais, por outro lado, aponta para Gênesis 3:21 e apresenta a promessa da proteção divina e a perspectiva de vida. A oferta de Caim foi a expressão do esforço humano para alcançar a Deus; a oferta de Abel foi a expressão da necessidade do ser humano da salvação oferecida por Deus. Além disso, estava relacionada à promessa do Cordeiro messiânico de Gênesis 3:15, que seria sacrificado para salvar o mundo, enquanto a oferta de Caim era um ritual vazio. Ob-
serve o mesmo contraste entre as vestes feitas por Adão e Eva (Gn 3:7), com folhas de figueira, versus a roupa feita por Deus, com a pele de animal, sugerindo o sacrifício de sangue (Gn 3:21).
 
O crime de Caim
 
O uso da frase wayyo’mer qayin “Caim disse”, ecoando a frase wayyo’mer YHWH ‘el qayin, “Então, o Senhor lhe disse” (Gn 4:6), indica que Caim deveria responder a Deus. No entanto, em vez de responder a Deus pela fé, Caim se voltou para seu irmão e o matou (Gn 4:8). É significativo o fato de o crime de Caim ter ocorrido imediatamente após essa mudança no diálogo da comunicação vertical deficiente para a horizontal. O mecanismo do primeiro crime religioso é então sugerido. Os zelosos cometem crimes não por sentir que estão certos; os crimes de fanatismo e intolerância religiosa derivam da falha em cumprir a Palavra de Deus. Quando a fé é substituída pelo esforço e controle humanos, o crime vem em seguida. Caim matou seu irmão, não porque sentia que estava certo e seu irmão errado, ao contrário, porque Caim era mau e seu irmão era justo (ver 1Jo 3:12).
 
O crime de Lameque
 
Também há um contraste entre o crime de Caim e o crime de Lameque. Ao contrário de Caim, Lameque levou o assassinato um passo adiante. Ele apresentou seu ato criminoso como algo positivo e valioso e literalmente se vangloriou disso. Enquanto Caim optou por permanecer em silêncio, Lameque, em contraste, escreveu uma canção. Enquanto Caim pediu misericórdia a Deus (Gn 4:13, 14), Lameque ignorou Deus e sujeitou suas esposas a uma ladainha sobre sua destreza e façanha homicida como algo digno de aprovação. A idêntica mudança de paradigma observada no crime de Caim também pode ser percebida neste caso: o fracasso na relação vertical (Deus-humano) produziu uma atitude violenta contra outro ser humano. Na verdade, Lameque moveu-se em direção oposta ao perdão. Ele falou de vingança, referindo-se a outros crimes posteriores. Até mesmo sua vingança é intensificada consideravelmente. Enquanto Caim seria vingado apenas sete vezes, Lameque exigiu um aumento para 77 vezes (Gn 4:24). É digno de nota que Jesus tenha sugerido o mesmo aumento com relação ao perdão (Mt 18:21, 22).
 
O nascimento de Sete
 
A repetição da primeira frase que introduziu o nascimento do primogênito Caim (Gn 4:1) sugere um retorno ao início. Além disso, a repetição da expressão “tornou a”, atrelada ao nascimento de Sete, ecoa a expressão “voltou a” associada ao nascimento de Abel (Gn 4:2, NVI). Assim, “tornou a” reconecta a linha interrompida da história nesse ponto: Sete substituiria Abel (Gn 4:25). Essa ideia também é registrada no nome do novo filho, Sete, que significa “colocar no lugar de”, conforme o que disse Eva. Além disso, o verbo hebraico shat, “nomeado”, que descreve a “nomeação” divina da “descendência” em Eva, é o mesmo verbo que descreve a “nomeação” divina, “pondo” (shat) “inimizade” entre a serpente e a mulher (Gn 3:15). Por meio dessa alusão a Gênesis 3:15, o autor bíblico aponta profeticamente para o evento da salvação manifestado na encarnação divina de Jesus Cristo.
 
Perguntas para discussão e reflexão: Como o nascimento de Sete apontou para Jesus Cristo?
 
APLICAÇÃO PARA A VIDA
 
Caim e Abel. Que lições de caráter podemos aprender com o contraste entre Caim e Abel? Caim fala enquanto Abel fica em silêncio. Caim é o primeiro, Abel é o segundo. Caim é violento, Abel é a vítima. Com quem você se identifica e por quê? Por que Abel representa os mártires de Deus (Ap 6:9; 20:4)?
 
A oferta a Deus. Que lições sobre religião podemos aprender com a comparação entre a oferta de Caim e a oferta de Abel? O que é mais importante: o que recebemos de Deus ou o que damos a Ele? Por que o dom de Deus é a única maneira de sermos salvos?
 
A ira de Caim. Leia Gênesis 4:6, 7 e Mateus 5:21-26. Por que Caim estava irado?
 
Lembre-se da última vez em que você ficou irado e analise seu sentimento, perguntando a si mesmo o seguinte: Como a ira prepara o coração humano para o assassinato? Como a falha religiosa de Caim se relaciona com sua falha em seu relacionamento com seu irmão? Por que o zelo religioso muitas vezes leva ao crime? Que lição de autocontrole podemos aprender com a ordem de Deus a Caim?
 
Crime de Lameque. Compare os crimes de Caim e Lameque. Em que sentido se identificam quanto à degeneração? Como se diferenciam em grau ou intensidade? Que lição podemos aprender com a sensibilidade de Lameque à bela poesia e a sensibilidade de seu filho em relação à música? A instrução em artes preserva da maldade? Discuta. Que exemplos na história indicam o contrário?
 
O nascimento de Sete. Depois que Caim matou Abel, Deus levantou outra semente justa, Sete, por meio da qual Ele poderia cumprir Seu propósito de redimir o mundo. Que lição essa mudança de planos nos ensina sobre a perseverança de Deus em salvar e Sua predisposição em trabalhar com a humanidade apesar de nossa fraqueza e de nosso fracasso?
 

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